Recensão crítica ao livro “Learning About Emotions in Ilness: Integrating Psychotherapeutic Teaching into Medical Education”

Resumo

Este pequeno livro de cerca de 150 páginas é editado por dois professores ligados á educação médica e ao ensino da psicoterapia dinâmica no “University College of London” e na “Tavistock and Portman NHS Foundation Trust”. Divulga o método de ensino, utilizado com alunos de medicina do ciclo pré-clínico, do papel das emoções na doença, da comunicação mais eficaz e verdadeira na relação médico doente e da compreensão mais profunda da relação entre o médico e o doente. Em vez de recorrer ao uso de actores contratados para representarem o papel de doentes, como acontece nalgumas escolas médicas do nosso país e no internato de psiquiatria, este método iniciado há mais de cinquenta anos, propõe que os alunos de medicina contactem logo no inicio do curso directamente com os doentes antes mesmo de aprenderem qualquer tipo de teoria para se poderem aperceber das emoções dessas pessoas e as vejam como um todo que está em sofrimento e não como uma parte que apresenta queixas e sinais e que os leva a focarem-se somente no órgão doente. Pretende habilitar os futuros médicos a lidarem melhor com as necessidades emocionais dos seus futuros doentes, aumentando a compreensão do que o doente comunica para além da queixa objectiva, saber ouvir o sentido latente para além da comunicação manifesta. Os alunos recebem supervisão em grupos Balint conduzidos por um psicoterapeuta experiente aonde expõem as emoções que sentiram e as dificuldades que tiveram nas consultas com os doentes ao terem de lidar com essa mesmas emoções, aumentando assim a compreensão da comunicação e a diminuição da sua angústia.

Primeiro a experiência e depois a teoria para que esta não atrapalhe na escuta empática dos doentes.

O livro está dividido em capítulos escritos quer por estudantes quer por professores nos quias se faz a descrição do método e aonde são apresentadas vinhetas clinicas informativas sobre os doentes e sobre a supervisão.

Recomenda-se a leitura deste livro aos responsáveis pelo ensino da medicina nas faculdades e nos internatos médicos, aos alunos de medicina de ambos os ciclos e a todos os médicos que orientem os mais novos na aprendizagem desta arte que é a medicina. Lembrava a frase do Professor Abel Salazar: “Um médico que só sabe medicina nem medicina sabe”.