Tratamento de Hepatite C e perturbação psiquiátrica: a propósito de um caso clínico

Cristina Recalde, Ana Horta, Cristina Rodrigues

Resumo


Com o caso clínico que se apresenta, os autores pretendem mostrar como uma intervenção articulada entre o psiquiatra e o médico infecciologista realizada atempadamente, permitiu uma melhor tolerância por parte da doente aos intensos efeitos secundários emergentes do tratamento da Hepatite Crónica pelo vírus da Hepatite C (VHC). Tal intervenção conseguiu que a paciente não abandonasse o tratamento.


Introdução: A transmissão do vírus da Hepatite C ocorre essencialmente através do contacto com sangue ou com material por ele contaminado. A adopção de medidas universais de rastreio das dádivas de sangue e derivados tornou praticamente nulo, nos últimos anos, o risco de transmissão por esta via. Nos toxicodependentes por via endovenosa, a contínua partilha de seringas, agulhas e restante material usado nesta prática, está na base da elevada incidência e prevalência do VHC nestes indivíduos. O uso no passado, de seringas e agulhas não-descartáveis quer na vacinação (nomeadamente em militares), quer em tratamentos com injectáveis, quer em práticas culturais (acupunctura, tatuagens, circuncisões), explicarão, eventualmente, muitas das infecções hoje encontradas. A transmissão por via sexual, embora pouco eficiente, pode também ocorrer. A transmissão vertical do VHC (4-7%) ocorre menos frequentemente do que com o VHB, mas a coinfecção por VIH poderá favorecer essa transmissão.
A infecção aguda por VHC é, na maioria dos casos, assintomática (80-90%), sendo o quadro clínico ligeiro nos restantes (10-20%). A morte por hepatite fulminante é rara.
Após a infecção aguda, 15-20% dos doentes curam sem sequelas. A evolução para a cronicidade ocorre em 80-85%. Em 10-20% dos doentes com hepatite crónica C, surge cirrose, ao fim de 20-30 anos. O carcinoma hepatocelular pode surgir numa taxa de 3-5% por ano.


Palavras-chave


Hepatite C; interferão; depressão; psiquiatria; psicoterapia

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